Francis Bacon, numa rua de Soho
Quem visse Francis Bacon
talvez estranhasse um pouco.
Não é que não fosse seu o poema,
a estranheza, o silêncio,
mas a própria experiência
que pouco a pouco
o ia socavando (imprecisa).
Não era bem ele dentro dele dentro
mas ainda as saliências, os excrementos,
a própria experiência do que não houve —
ou como numa estátua, pétreo, o soco.
Então, Francis Bacon tentou a parede,
compôs o movimento,
experimentou o silêncio
onde oco cai, quase trôpego.
Mas não tanto ele, como se
o quadro pendurasse na parede
ou a penetração a tentasse de novo.
Saliência quem que tudo se oferece
entrevisto à língua — extinto e limpo.
em Telhados de Vidro - nº. 6, Lisboa: Averno, Maio de 2006, p. 54.
Um poema de Théodore Fraenckel
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