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Vejo-os todos os dias. Saem a correr do comboio para o autocarro. Saem a correr do autocarro para o comboio. Às vezes a correr do autocarro para outro autocarro. E é nesse momento que me sinto com sorte. Sem pressa e sem razões. O meu dia passa por eles. Devagar.

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Ao fim do dia a manta sobre as pernas. E ainda o velho casaco de lã. Leio um pouco de poesia. Ouço um pouco de música. Às vezes vejo uma ou outra reportagem. Um ou outro programa sobre vida animal selvagem. Lá fora aos poucos a cidade fecha-se em dever cívico. Eu: continuo apenas o mesmo.

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Novembro nos ossos é pior do que Maio nos olhos.

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