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A verdade é que não tenho nada de relevante para dizer. Acrescentar. Ainda assim arrisco umas palavras a lápis no pequeno caderno que anda comigo quase sempre.

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Pelos vistos os dias continuam confinados ao discernimento e à inteligência. Começo a ficar farto de certos comentários que às vezes vou lendo por aí. Mas pior do que isso são os comentários que às vezes vou ouvindo também para aí. Para alguns deles fico sem paciência e só me apetece gritar e gesticular com aqueles que os fazem. Mas não. Ainda tenho alguma inteligência e discernimento. Por isso não grito nem gesticulo. Fico antes com cara de quem está a encolher peidos. Daqueles grandes. Mas só eu sei a cara que estou a fazer. A máscara vai-me valendo neste ponto também.

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À minha frente tenho vários livros que ainda não li. Outros que talvez nunca irei ler. Mas ali estão eles à espera. Impassíveis. Silenciosos. Talvez seja essa a sua grande virtude: a paciência.

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