Multidão
Há mortos que não fazem ruído, choro, e é maior o seu pesar.
Um não humano. Mas de consciência e não de vida. O indiscernível, o máximo, sem cessar, incessante. Ruído de passos humanos, dos pés sobre a terra, sobre o solo, o peso do homem, a sua mancha, sua impureza.
Peso e consciência.
Peso e ritmo.
Asas. Os anjos cinza.
O protagonista: apenas reconhecido. Leves traços, não que o diferenciem, mas que o façam ser notado; simplesmente.
A multidão reaparecerá sempre: multidão sobre o asfalto, sobre o pó, sobre a lama.
Labirinto de louro e murta. A Primavera.
em Poemas, tradução de Ricardo Ribeiro e desenhos de Maria Condado, s/l: Sr Teste, 2020, p. 16.
em Poemas, tradução de Ricardo Ribeiro e desenhos de Maria Condado, s/l: Sr Teste, 2020, p. 16.
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