Um poema de Vinicius de Moraes


A pêra

Como de cêra

E por acaso
Fria no vaso
A entardecer

A pêra é um pomo
Em holocausto
À vida, como
Um seio exausto

Entre bananas
Supervenientes
E maçãs lhanas

Rubras, contentes
A pobre pêra:
Quem manda ser a?




em O Operário em Construção e Outros Poemas, Lisboa: Publicações Dom Quixote, 5ª edição, 1976, p. 66.

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