Nascido no seio de uma família humilde da pequena vila de Tennfjord, de onde deriva um dos seus nomes, numa altura em que a mesma não tinha mais de duzentos habitantes, Dag Tennfjord Pettersen nasceu prematuro e nunca conheceu a mãe, que morreu durante o parto. Tal facto marcou para sempre Dag, que escreveu na primeira frase do primeiro parágrafo do seu primeiro romance: «Nada na vida é garantido, nem mesmo o leite materno.»: o que provocou grande escândalo na altura, tendo em conta que, em 1917, a Noruega não estava preparada para romance tão provocatório, começando pelo título (Fødsel) e passando pela idade do autor. A verdade é que Dag foi em tudo prematuro: aos dezassete anos publica o seu primeiro romance; aos vinte casa; e aos vinte e um anos de idade nasce-lhe o primeiro filho e morre-lhe a esposa durante o parto. Tal acontecimento influenciou, em definitivo, o seu segundo romance, publicado em 1919 e com o enigmático título Dyd og Klag. Neste segundo romance o autor disserta sobre a vida, a morte e a interrogação que é Deus. Como aponta Olav Magnus Terje, no seu importante ensaio Dyd og Klag: en tolkende lesning i lys av Husserls filosofi, «Tennfjord Pettersen, neste seu romance, consegue, de maneira exemplar, sintetizar, de forma nunca antes vista, toda uma cosmologia telúrica, completamente inovadora, onde o Homem centra em si as raízes mais profundas da existência, sendo, sem qualquer sombra de dúvida, um romper com um certo e duvidoso naturalismo que depende, de forma inequívoca, das exigências teóricas mais rigorosas, sendo assim ultrapassado pelo próprio historicismo que lhe serve de base.». Tal afirmação chocou as mentes mais obtusas da sociedade norueguesa. O próprio Knut Hamsun, reverenciado por Pettersen, escreveu algures «nada nos romances desse moço tennfjordiano me seduz.». Tal afirmação levou ao definitivo silêncio de Dag Tennfjord Pettersen, que nunca mais publicou um único romance em vida. É visto, por muitos, como o primeiro escritor bartlebiano do século XX.
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