Temos,
dizemos nós, direito à justiça, mas é só à injustiça que temos
direito...
O
problema é ser capaz de vencer as dificuldades do trabalho, o que
quer dizer, a relutância interior e a estupidez exterior... isto é,
passar por cima de mim próprio e por cima dos cadáveres de
filosofias, por cima de toda a literatura, por cima de toda a
ciência, por cima de toda a história, por cima de tudo... é uma
questão de constituição mental e de concentração mental e de
isolamento, distância... de monotonia... de utopia... de idiotia...
O
problema é sempre ser capaz de levar a cabo o trabalho, com a ideia
de nunca e nada ser capaz de levar a cabo... é a questão:
prosseguir, prosseguir sem contemplações, ou acabar, pôr fim... é
a questão da dúvida, da desconfiança e da impaciência.
em Os Meus Prémios, tradução de José A. Palma Caetano, Lisboa: Quetzal Editores, 2009, p. 137
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