Um poema de Ruy Duarte de Carvalho


Uma árvore no Zaire


III


De casas preservadas na infância
eis o que eu sei das coisas, para além do tempo:

organizam o porte e a trajectória
na consentida face do silêncio.
Petrificam-se mansas, no interior da pedra
e o abandono é nelas, já vencido
a hesitação que habita as coisas móveis.

Assim se lhes constrói a face
e amadurece
uma presença alheia que as revela.


em A Decisão da Idade, Lisboa: Sá da Costa, 3ª edição, 1977, p. 41.

Sem comentários: