Ontem morreu Júlio Pomar. Uma grande perda para a cultura portuguesa,
alguém disse sem se rir. Hoje morreu Philip Roth. Quase de certeza, algures na
América, alguém dirá que foi uma grande perda para a cultura norte-americana.
Leio algures que João Gilberto passa mal, foi despejado, vive na miséria.
Quando morrer, aposto, alguém do Brasil fará chegar-nos a notícia: grande perda
para a cultura brasileira. Tudo ao contrário, tudo ao contrário. A cultura nada
perde quando um dos seus cultores perece. Os artistas é que se perdem para a
cultura. E a política vampiriza essa perda, como o caçador que, iludido com a
captura de uma presa, se julga menos mortal do que é na realidade.
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