António José Fernandes


Para a vida perfeita


Não exponhas os teus sonhos à lama da rotina
Não cortes nos teus pulsos a veia de acrobata
Não durmas imprestável na beira da voragem
Não pises o vestígio do riso original
Não temas o silêncio da única viagem
Não fujas da extensão dos golpes encobertos
Não feches a revolta na casa dos segredos
Não canses as surpresas na pressa da alcançar
Não quebres a pureza dos beijos impossíveis
Não finjas as palavras que as lágrimas sustentam


em Ainda não é tarde, Lisboa: Edição do Autor, 1955, p. 47.

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