Estou tentado a escrever uma resposta a Diogo Vaz Pinto, mas a verdade é
que tenho aulas para preparar, para além de ser órfão de talento.
Sim, pelos vistos é necessário talento, nos dias de hoje, para uma pessoa
indignar-se, pois foi isso aquilo que eu fiz: indignei-me com o facto de Vaz
Pinto ter considerado as plaquettes dejectos de pombos lerdos. Pelos vistos não o
fiz com o necessário talento: enumerei apenas algumas das plaquettes publicadas
na Língua Morta por Diogo Vaz Pinto. Sim, tenho de dar razão a Diogo Vaz Pinto:
faltou-me talento e a dose certa de Góngora.
Todavia, e ao contrário de muitos, eu levo a sério aquilo que Diogo Vaz
Pinto diz e escreve. Levo a sério porque não podia ser de outra maneira. E
levo-o a sério porque considero Diogo Vaz Pinto alguém que se leva muito
a sério. E para além de se levar muito a sério, Diogo Vaz Pinto é um homem com
uma missão (basta para isso ler este texto). Vaz Pinto está convencido que é um
cruzado: professa uma fé e essa é a única fé possível de ser professada.
O maior erro que poderei cometer em relação a Diogo Vaz Pinto é deixar de
o levar a sério (alguns dirão que é dar-lhe tempo de antena e a atenção que não
merece e a importância que não tem). Esse será o dia em que irei considerar os
seus textos inócuos, quando na realidade o não são. Os seus textos são apenas a
materialização do programa que Diogo Vaz Pinto procura impor. Esse programa
inclui, sem qualquer sombra de dúvida, afastar todos aqueles que lhe possam
fazer frente ou sombra. Diogo Vaz Pinto não quer o contraditório porque Diogo
Vaz Pinto não sabe lidar com o contraditório porque não está habituado a ele.
Não quero com isto dizer que serei eu a contrariá-lo. Mas também não me
será indiferente, pois acredito que a indiferença é meio caminho para o
despotismo e caciquismo. E já temos a nossa dose de déspotas e caciques. Não
precisamos doutro.
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