Por falar em plaquettes



A dita plaquette, como hoje lhe chamamos, a fazer biquinho à francês, ganhou enorme preponderância, tanto pelo modo como hoje os editores se mostram avessos ao risco de edições mais dispendiosas como pela pululante urgência dos poetas que, feitos pombos, gostam de cobrir bem a praça e cagam sem particular denodo, com uma periodicidade que cansa.

Diogo Vaz Pinto, página 36 do Jornal i de 19 de Fevereiro de 2018


Alguns dos títulos publicados pela Língua Morta, editora gerida por Diogo Vaz Pinto, entre Janeiro de 2012 e Janeiro de 2015 (segundo indicação do blogue da editora)


EQUINÓCIO, de Francisco Tario, com selecção, tradução e posfácio de Rui Manuel Amaral, 48 páginas agrafadas, sem indicação do número de exemplares.

ACHO QUE VOU MORRER DE POESIA, de Nicanor Parra, com selecção e tradução de Miguel Filipe Mochila, 60 páginas agrafadas, sem indicação do número de exemplares.

FÔLEGO SEM FOLGA, de Miguel Martins, 24 páginas agrafadas, 150 exemplares.

18 DE ABRIL, de Manuel de Freitas, 16 páginas agrafadas, 100 exemplares.

A DOENÇA – PANACEIA, de António Barahona, 28 páginas agrafadas, 100 exemplares.

NÃO ERAM ROSAS, de Amy Lowell, tradução de Ricardo Marques, 40 páginas agrafadas, 80 exemplares.

UM HOMEM SOZINHO, de Miguel Martins, 32 páginas agrafadas, 100 exemplares.

BREVE ENSAIO SOBRE A POTÊNCIA, de Rui Costa, 40 páginas agrafadas, 100 exemplares.

A SUPER-REALIDADE, de Rui Pires Cabral, 40 páginas agrafadas, 100 exemplares.

MÁGICA, de Vicente Huidobro, tradução de Ricardo Marques, 44 páginas agrafadas, 80 exemplares.

RESPIRO, de António Cabrita, 40 páginas agrafadas, 80 exemplares.

UM FIO QUE TE PRENDE À VIDA, de Rui Caeiro, 24 páginas agrafadas, 100 exemplares.

ANIMA, de José Manuel Teixeira da Silva, 36 páginas agrafadas, sem indicação do número de exemplares.

MAIS NINGUÉM, de José Carlos Soares, 24 páginas agrafadas, 70 exemplares.

30 POEMAS, de Alexandra Pizarnik, tradução de Inês Dias e Manuel de Freitas, 40 páginas agrafadas, 80 exemplares.

ESPANTALHOS, de Oliverio Girondo, tradução de Rui Manuel Amaral, 40 páginas agrafadas, 80 exemplares.

ALGUNS POEMAS, Tennessee Williams, tradução de Ricardo Marques, 44 páginas agrafadas, 70 exemplares.

MOTET POUR LES TRÉPASSÉS, de Manuel de Freitas, 12 páginas agrafadas, 150 exemplares.

ANTOLOGIA BREVE, de John Mateer, tradução de Miguel Martins e prefácio de Inês Dias, 24 páginas agrafadas, 100 exemplares.

EXERCÍCIOS PARA ENDURECIMENTO DE LÁGRIMAS, de Maria Sousa, 36 páginas agrafadas, 150 exemplares.

AVULSOS, POR CAUSA, de Renata Correia Botelho, 24 páginas agrafadas, 100 exemplares.

BABA DE CARACOL, de Rui Caeiro, 40 páginas agrafadas, 100 exemplares.

RÉ MENOR, de Patrícia Baltazar, 32 páginas agrafadas, 100 exemplares.

PROIBIDA A ENTRADA A ANIMAIS (EXCEPTO CÃES-GUIA, de Miguel Martins, 40 páginas agrafadas, 100 exemplares.

NITRATOS DO CHILE, de Rui Pedro Gonçalves, 28 páginas agrafadas, 150 exemplares.

BIOGRAFIA, de David Teles Pereira, 24 páginas agrafadas, 50 exemplares.

9 comentários:

Anónimo disse...

Fosse esse o único tiro no pé do donzelo! linda linda é a questão dos prémios SPA, onde o menino tem 2 dos títulos da sua editora entre os 3 finalistas na categoria de poesia, cama bem preparada pela Dr.ª Teresa Carvalho, sua camarada no Sol e no I, ilustre constituinte da SPA, e, por acaso, prefaciadora e apresentadora de um dos livros em questão. O 3 livro em questão, o único que não faz parte do catálogo da Língua Morta, é também de uma amigalhaça. E é gente deste calibre que vem para os jornais dar lições aos outros.

Diogo Vaz Pinto disse...

Repara que dessa lista todos, excepto um, são livros feitos à mão, e era assim por assumida limitação material e de massas. Deixámos de o fazer logo que passámos a ter actividades remuneradas e também porque surgiram então uma série de pequenas editoras que inundaram os escaparates de plaquettes, pelo que fomos obrigados a escapar a uma tendência na qual não enjeitamos o nosso papel, a responsabilidade até examplar que tivemos. Esclarecido?

manuel a. domingos disse...

Não, não estou.

Como foram feitos à mão, porque não havia massa: foi uma "responsabilidade exemplar". Mas os outros fazerem o mesmo, recorrendo a gráficas, à impressão digital, com tiragens reduzidas (porque talvez não haja massa para mais e não recorrem a subscrições): aqui del-rei.

Diogo Vaz Pinto disse...

Da exemplaridade é aqui meramente por ter tido precedência. E não questiono a opção mas sim a qualidade.Trata-se de uma questão de critérios, ou da falta deles.

manuel a. domingos disse...

Isso da precedência não entendo. Foram por acaso os primeiros?

Critérios cada um tem os seus. Falta deles, também. Qualidade é algo muito discutível. E só compra quem quer.

Diogo Vaz Pinto disse...

Exactamente, é discutível. Talvez te tenha escapado este pormenor: não tenho feito outra coisa senão discutir estas questões.

manuel a. domingos disse...

Não. Aquilo que é feito não é discutir estas questões. É antes achincalhar, chamar "pombos lerdos" aos outros. Às vezes parece mais um ajuste de contas.

Diogo Vaz Pinto disse...

Sniff, sniff

Madame Bovary disse...

O Diogo é um bebé. Queres ver que agora só deveríamos ler as "plaquettes" da sua editora? Caganitas é o que nos oferece quando escreve.

Como já disse o Leminski:

Merda é veneno.
No entanto, não há nada
que seja mais bonito
que uma bela cagada.
Cagam ricos, cagam pobres,
cagam reis e cagam fadas.
Não há merda que se compare
à bosta da pessoa amada.