O cântico celestial sobre as virtudes do «voluntariado» e do «trabalho
cívico» não diz se se pode ir depenicar alguma coisa ao tacho das finanças do
Estado, que anda bastante vazio, antes funciona como álibi do recuo do Estado
em matéria social, dos programas do trabalho forçado em curso e da tentativa
mesquinha de transferir o peso da crise principalmente para as mulheres. As instituições
públicas abandonam os seus compromissos de ordem social e substituem-nos por um
apelo à mobilização de «nós todos», um apelo simpático e sem custos: de
preferência, que seja a iniciativa particular de cada um a combater a miséria
própria e alheia, e basta de exigências materiais.
em Manifesto Contra o
Trabalho, tradução de João Paulo Vaz, Lisboa: Antígona, 2ª edição, 2017,
pp. 81-82.
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