O café está bastante vazio. Ainda não são oito e meia e só
estamos três pessoas: eu, sentado na mesa de sempre junto à janela, uma outra
professora sentada na mesa de sempre ao canto, e uma senhora ao balcão. E
entretanto entraram mais três pessoas: dois trolhas e a senhora que vem sempre
buscar o pão a esta hora. E agora entrou um pai com a filha pequena pela mão. A
senhora do pão reclama com alguém ao telemóvel — eu disse à senhora doutora
juíza que não podia ficar com a guarda da garota… pois… ela não tem juízo… só
que eu não tenho saúde para andar para a frente e para trás… fodas… eram quatro da
manhã e tocaram à campainha de casa… fodas... não sei para quê… nã… eu disse-lhe
que não ia cá a festa nenhuma… fodas… não tenho saúde é o que é… ai pá que te
ouço tão mal… está bem… eu falo com ele… mas só se estiver bem disposto que eu
não tenho saúde para o aturar… fodas — e sai do café depois de ter bebido o seu
café pingado, como todos os dias. Hoje, afinal, não levou pão.
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