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Pergunto-me, várias vezes ao dia, por que razão continuo a ser professor. Ainda ontem, enquanto preparava uma ficha de trabalho (apostando naquilo que vulgarmente é designado por "diferenciação pedagógica"), mesmo sabendo que os alunos não lhe iam ligar nenhuma (como hoje tive a oportunidade de confirmar), me perguntei "será que vale a pena?". E não venham com a conversa de que vale sempre a pena se a alma e tal. Merda para esse ditado, ou adágio ou lá o que é. A verdade é que começo a ficar farto da palmada nas costas. Começo a ficar farto da simpatia bacoca. Começo a ficar farto que digam que ser professor é uma nobre profissão. A esses digo: "olha, se é assim tão nobre: vem para cá tu". Já para não dizer: "se é assim tão nobre, o meu saldo bancário ainda não deu conta que foi elevado ao estatuto de sir". E também não me venham com aquela conversa que a recompensa está à minha frente, no sorriso das crianças. As crianças, como todos sabemos, podem não ser a melhor coisa do mundo.  

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