As últimas palavras da minha avó inglesa
Estavam alguns pratos sujos
e um copo de leite
numa pequena mesa ao seu lado
junto à cabeceira da cama por
fazer ―
Enrugada e quase cega
repousava e ressonava
entoando com raiva
o seu grito por comida,
Dêem-me de comer ―
Querem matar-me à fome ―
Estou bem não vou
para o hospital. Não, não, não
Dêem-me de comer
Deixe-me levá-la
ao hospital, disse-lhe
e depois quando estiver melhor
pode fazer o que lhe apetecer.
Sorriu, Sim
primeiro fazes o que te apetece
depois faço o que me apetece ―
Oh, oh, oh! gritou
enquanto os maqueiros
a colocavam na maca ―
É isto que vocês consideram
ficar mais confortável?
Por agora a sua mente estava
desperta ―
Oh vocês pensam que são
inteligentes
só porque são novos,
disse, mas digo-vos
vocês não sabem nada.
Então arrancámos.
Pelo caminho
passámos por uma longa fila
de ulmeiros. Olhou um pouco
para eles pela janela
da ambulância e disse,
O que são aquelas coisas
lá fora, além ao fundo?
Árvores? Bem, estou farta
delas e deixou cair a cabeça para
o lado.
William Carlos
Williams, «The Last
Words of My English Grandmother», The
Collected Early Poems, New York: New Directions, 1951, pp. 443-444.
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