Fiodor Dostoievski

    
       Depois somos, mesmo sem darmos por isso, gente extraordinàriamente rotineira e de pouco tempo precisamos para nos adaptarmos a uma nova rotina. Procurem examinar sem prevenção, sem análise rasteira qualquer ideia à moda, e generosamente admitida, qualquer desses ídolos a que nos arrimamos em determinado momento; ficarão cobertos de lama... Em compensação, outras vezes... somos uns gigantes; por um lado imaginamo-nos uns escravos, submetidos ao culto servil das ideias e dos ídolos; pelo outro, impacientes e despóticos: assim, quem discorda de nós em matéria de convicções... ou é homem de poucas luzes ou de má consciência.

em Diário de um escritor, tradução de João Gaspar Simões, Lisboa: Arcádia, 1967, p. 122.

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