Nua e crua
Sabia que
olhavam para si
com a atenção
suja
que se dedica
aos vizinhos da frente.
Ao homem, à
mulher, à filha mais velha,
à miséria de
uns e à ingenuidade dos outros,
espreitando-lhes
a intimidade pela fenda
da janela
entreaberta.
Os passos entre
a sala e a cozinha, entre o quarto
e a casa de
banho, a televisão, o álcool, o tabaco,
o vai e vem
inquieto no colchão,
os corpos nus,
as discussões,
o sangue e a
violência se se tivesse sorte.
Sabia-o,
desejava-o,
mostraria o que
houvesse para mostrar.
Talvez
estivesse a ser usada, mas queria crer
que ela mesma
usava aqueles que a liam.
Não conhecia,
em literatura,
outro fim, outra
estratégia ou outra moral.
retirado do blogue a gun in the garland
Sem comentários:
Enviar um comentário