[Vai o rio de monte a monte...]
Vai o rio de monte a
monte,
Como passarei sem ponte?
É o vao mui arriscado,
Só nele é certo o perigo;
O tempo como inimigo
Tem-me o caminho tomado.
Num monte está meu
cuidado,
E eu, posto aqui noutro
monte,
Como passarei sem ponte?
Tudo quanto a vista
alcança
Coberto de males vejo:
D’aquém fica meu desejo
E d’além minha esperança.
Esta, contínua, me cansa
Porque está sempre
defronte:
Como passarei sem ponte?
em Antologia Literária Comentada: Época Clássica - Século XVII,
organização e comentários de M. Ema Tarracha Ferreira, de acordo com o programa
de Português para o Curso Complementar do Ensino Secundário, Lisboa: Editorial
Aster, s/d, p. 71.