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No terceiro volume, Karl Ove Knausgård fala da infância passada numa ilha. A infância, como sabemos, é um lugar estranho (a adolescência é um lugar desnecessário). A memória pode pregar partidas e Knausgård tem consciência disso. E é para o lado que melhor dorme. Quanto a mim este terceiro volume tem muitas semelhanças com Ham on Rye, de Charles Bukowski. Principalmente nos pontos mais importantes e essenciais do livro: um pai violento e uma mãe passiva. Digo: é uma versão "pós-moderna" do romance bukowskiano. Knausgård dá-nos conta do temor e terror que o pai lhe impunha e das tentativas da mãe colmatar tudo isso; a descoberta da música e da literatura (com idas regulares à biblioteca municipal); a descoberta do corpo feminino; as primeiras experiências sexuais (masturbação). Até ao momento, o segundo volume de A Minha Luta é, quanto a mim, o mais conseguido.  

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