Desde os seus
vinte anos que Franz Polzer era funcionário de um banco. Todas as manhãs, às
oito menos um quarto, dirigia-se ao seu escritório, nem um minuto mais cedo ou
mais tarde. Quando saía da travessa onde morava, o relógio da torre soava o
terceiro quarto de hora.
Nunca,
durante todo este tempo enquanto funcionário do banco, mudara de cargo ou de
casa. Ocupara-a quando abandonou os estudos e ingressou na profissão. A sua
senhoria era uma viúva, mais ou menos da sua idade. Instalou-se quando ela
estava a fazer o primeiro ano de luto pelo marido.
Nos muitos
anos que levava de funcionário bancário, jamais se vira Polzer na rua a meio da
manhã, excepto ao Domingo. Já não sabia o que eram as manhãs dos dias úteis, em
que as lojas se encontram abertas e as pessoas se amontoam nas ruas. Não houve
um único dia em que tivesse faltado no banco.
em Os Mutilados, tradução do
alemão (Checoslováquia) por Vanda Gomes, 1ª edição, Silveira: E-Primatur, 2015,
p. 7.
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