O mundo
racional produzido pela Revolução Industrial libertou racionalmente os
indivíduos dos seus limites locais e nacionais, pondo-os em ligação à escala
mundial; mas o seu contra-senso consiste em separá-los de novo, segundo uma
lógica oculta que se exprime em ideias dementes, em valorizações absurdas. A
estranheza cerca por todo o lado o homem que se tornou estranho ao seu mundo. O
bárbaro já não se encontra nos confins da Terra, está aqui, feito bárbaro precisamente devido à sua participação
obrigatória no mesmo consumo hierarquizado. O humanismo que envolve tudo isto é
contrário do homem, a negação da sua actividade e do seu desejo; é o humanismo
da mercadoria, a benevolência da mercadoria para com o homem que ela parasita.
Para quem reduz os homens a objectos, os objectos parecem ter todas as
qualidades humanas, transformando-se as manifestações humanas em inconsciência animal.
em O Planeta Doente,
tradução de Júlio Henriques, Lisboa: Letra Livre, 2014, p. 31.
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