A luz surge onde nenhum sol brilha…
A luz
surge onde nenhum sol brilha;
Onde
nenhum mar se agita, as águas do coração
Fazem
avançar as suas marés;
E fantasmas destruídos com vermes nas suas cabeças,
Esses
objectos de luz,
Percorrem
a carne onde nenhuma carne esconde os ossos.
Uma candeia
junto às coxas
Aquece a
juventude e a sua semente, queimando a semente da idade;
Onde
nenhuma semente cresce,
O fruto
do homem mostra o seu vigor nas estrelas,
Brilhante
como um figo;
Onde
nenhuma cera existe, a vela apenas mostra os seus cabelos.
A manhã
surge atrás dos olhos;
E o
sangue agita-se como um mar
Da
cabeça aos pés;
Sem
defesa nem protecção, as nascentes do céu
Irrompem
dos seus limites
Ao
darem-se conta de um sorriso no óleo das lágrimas.
Como uma
lua a noite cerca
Com sua
órbita os limites do mundo;
O dia
nasce nos ossos;
Onde
nenhum frio existe, a tempestade destrói
As
roupas do inverno;
E a
primavera surge nas pálpebras.
A luz
surge em lugares secretos,
Nos
limites do pensamento, onde à chuva se sente melhor o seu aroma;
Quando a
lógica morre,
O
segredo da terra cresce através dos olhos,
E o
sangue jorra do sol;
Sobre os
campos destruídos, a madrugada detém-se.
Dylan Thomas, «Light Breaks Where No Sun Shines», The Collected Poems: 1934-1953, Weidnfeld & Nicolson, 2000, pp. 23-24.
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