Judith Herzberg




Sempre gostei muito da Holanda sem nunca lá ter ido. Como gosto de outros lugares da mesma maneira. Não é preciso uma pessoa conhecer um país para saber que gosta dele. Quanto à poesia: a coisa é diferente. É preciso lê-la. E há por aí muito boa gente que gosta de certos e determinados poetas sem nunca os ter lido. Mas isso é outra conversa. A história que hoje trago diz respeito a Judith Herzberg. Quando dei aulas em São Teotónio (ano lectivo 2008/2009) leccionei Português para Estrangeiros. Numa turma havia um grupo de holandeses, bem como alemães, ingleses e uma senhora irlandesa. Um dia pediram-me para eu trazer poesia portuguesa. Eu, em troca, pedi que cada um deles trouxesse poesia dos seus respectivos países: ouvi Yeats com um verdadeiro sotaque irlandês; compreendi melhor Keats lido num sotaque very british; Heinrich Heine com todos os "r" no sítio. E ouvi a poesia de Judith Herzberg dita em holandês. Se eu já gostava da poesia dela, mais fiquei a gostar. As suas palavras são certeiras em qualquer língua. Principalmente estas: «Fica longe das pessoas de bom senso/fica perto dos apaixonados/nem que estejas só e não seja por ti/fica antes num luto perplexo/porque o bom senso é contagioso/e dá sempre cabo deles.»

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