Fiódor Dostoiévski


(A propósito: frente à parede, esse tipo de cavalheiros, ou seja, os homens espontâneos e os homens de acção, o que fazem é desistir com toda a sinceridade do mundo. Para eles, a parede não é o mesmo obstáculo que, por exemplo, para nós, homens que pensamos e, em consequência, não agimos; não é um pretexto para arrepiar caminho, pretexto em que geralmente nós próprios não acreditamos mas a que damos a melhor guarida. Não, eles renunciam, de todo o coração. A parede trabalha neles como um calmante, como uma libertação moral, como algo de definitivo, como algo, pode dizer-se, de místico... Mas deixemos a parede para mais tarde.)

em Cadernos do Subterrâneo, tradução de Nina Guerra e Filipe Guerra, Lisboa: BIB, 2007, p. 22.

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