João Camilo


Não era sempre a mesma coisa, podia variar, mas era assim certos dias e nunca se sabia quando, e então parecia que vivíamos no deserto. Nesses dias era por todo o lado a mesma paisagem desolada, o mesmo tédio, a mesma tristeza ou monotonia que pareciam sem solução. Nós fugíamos da esplanada, tentávamos o Starbucks por exemplo, ou a Borders, mas nada mudava, era sempre a mesma desolação, parecia que vivíamos numa cidade desertada. Os mesmos rostos de rapazes, de homens sós, meio fechados, às vezes três ou quatro gatos pingados. E as raparigas tinham desaparecido quase todas, creio que era sempre pior nas sextas-feiras e nos sábados.

em Um Animal de Pele Branca, Imaculada, Entroncamento: OVNI, 1ª edição, 2011, p. 44.

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