já que sentir é primeiro
quem presta alguma atenção
à sintaxe das coisas
nunca há-de beijar-te por inteiro;
por isso ensandecer
enquanto a Primavera está no mundo
o meu sangue aprova,
e beijos são melhor fado
que sabedoria
senhora eu juro por toda a flor. Não chores
— o melhor movimento do meu cérebro vale menos que
o teu palpitar de pálpebras que diz
somos um para o outro: então
ri, reclinada nos meus braços
que a vida não é um parágrafo
E a morte julgo nenhum parêntesis
em xix poemas, selecção, tradução e notas de Jorge Fazenda Loureiro, Lisboa: Assírio & Alvim, colecção Gato Maltês, nº 27, 2ª edição, 1998, p. 39.