Dobra bem os versos por baixo do colchão,
estica a pele até ao ponto de rasgar.
Depois areja os nervos, os músculos,
tudo o que puderes fazer sair de dentro do corpo.
E com as palmas das mãos inscreve
a ansiedade que te escorre dos poros
neste espelho de cambraia quase invisível.
Tenho uma flor à tua espera, uma ferida
nos sulcos do meu ventre. Vem regá-la,
colhê-la, faz com ela o arranjo da refeição
que agora termina e de novo começa.
Henrique Manuel Bento Fialho, A Dança das Feridas, edição de autor, Colecção Insónia, 2010, p. 97.
1 comentário:
Simples.
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