Lí por aí

Recentemente fui membro de um "júri de selecção de pessoal". O ordenado oferecido era pouco mais do que o mínimo nacional.
E ali estavam perante mim várias candidatas para que lhes fizesse algumas perguntas. E ali estavam aquelas mulheres carregando o peso da tristeza, sem esperança nos olhos, corpo desanimado. Muitas "desempregadas da Delphi", algumas mulheres de..."desempregados da Deplhi". Outras andam há anos em acções de formação em coisas difíceis de pronunciar sem qualquer ponto de contacto com a realidade. Saltitam de curso em curso e nunca conseguem um emprego porque aquelas formações servem, apenas, para efeitos estatísticos e para alguns promotores se abotoarem com uns cobres. Que desalento! Que conformismo! Aquelas mulheres julgam que nunca terão emprego, apesar de serem vivas e disponíveis para todos os serviços. Mulheres enganadas por empresas, exploradas por gente sem escrúpulos, formadas em áreas do absurdo (uma delas pagou um curso de 4 anos, por correspondência, em ...puericultura, sem nunca ter praticado nada, pois a empresa nunca garantiu o prometido estágio). Mulheres abandonadas pelo "sistema", com filhos, perdidas (o olhar perdido), nervosas. Habituram-se a andar de concurso em concurso ("tenho esperança num para o Hospital!"), sem acreditar em nada nem em ninguém.
Merda de mundo!

Américo Rodrigues em Café Mondego

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