Espero-te, Perdição
Espero-te ao dobrar de todas as esquinas,
Perdição. Busco-te no fundo dos olhos
das mulheres que passam.
Preso às barracas de todas as feiras
procuro-te na mulher da serpente,
na menina voadora…
Oh! vontade de dar tudo por nada,
de ter na conta de uma simples palha
esta vida que é todo o nosso bem!
Àquela que de todos foi, e ri,
e nada entende;
àquela que com um mover de ancas
todo o meu mundo se dissolva dentro;
àquela, desprezível, que nem sabe
o seu poder –
que se atravesse, eu peço, em meu caminho.
Eu, tal e qual o mendigo que chegado
junto à beira do rio, num escárneo
atira à água a última moeda –
por Ela a vida eu jogaria a rir.
em Mesa de Amigos, versões de poesia por Pedro da Silveira, Lisboa: Assírio & Alvim, colecção Documenta Poetica, 2002, p. 160.
1 comentário:
Diz tudo.
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