Um poema de António Lobo de Carvalho (o Lobo da Madragoa)


Frutos do desengano, colhidos na convivência das putas, e patenteados ao mundo no seguinte

Putedo de Lisboa, ó gente fraca,
Convosco falo, cagaçais malditos,
Convosco, a quem caralhos infinitos
Têm batido no cu, sem ser matraca:

Vós, que fazeis meiguices qual macaca,
Que suspira uma vez, outra dá gritos;
Vós que fazeis morrer bolsas, e espíritos,
Sem que para isso useis punhal, ou faca:

A todas sem excepção conjuro, atesto,
O ter-lhes hoje avante ódio fatal,
Pois carícias fingidas já detesto:

Acreditem os homens em geral,
Que à risca seguirei quando protesto,
Pois com putas não gasto já real.

em Se a lira pulsas e o pandeiro tocas..., nota introdutória de Aníbal Fernandes, Lisboa: & etc, colecção Contramagem, nº. 20, 1984, p. 18. 

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