Meio Milhão De Desempregados
Mexendo
a
maxila
da gruta
do
Escoural
O
porcalho
O
pequenote
O
rançoso
deputado
da
maioria
avisa
que
se Deus
não acudir
com
um milagre
qualquer
dia
a
unha
a
pata
mais
ou menos
suína
que permite
a
um deputado
arrastar-se
pelos
corredores
da
Assembleia
pode
medir
apenas
seis
centímetros
de
comprimento.
Anda mas
é
direito
sem ser
de
gatinhas,
gritam
uns!
E
outros:
Põe
mas é
o teu pé
chato
nalguma parte!
Por cima
do
pé
está
o
manto,
explica-se
o capão
o
merdeiro
o viril
Telmo
do partido
do
tarimbeiro Portas.
Tens mas
é
a mandíbula
e as orelhas
de
um berbere
Um sexo
devoto
e
outros
dons
gratuitos:
Piolhos
na
cabeça
Piolhos
no
fato
Piolhos
na
barriga
no
púbis
por
cima
do
recto
por detrás
da
bexiga!
De modo
beato
e florido
Casto
e
opusdeitado
Sem
sujidade
na
língua
Qual
membro
genital
ou
da Igreja
Não contagiado
de
gálico
Como uma vaca
dos
arredores de Lisboa
Virado
para baixo
Coberto
de pêlos
O alindado
Presidente
tenta
serenar
o Consistório:
“A excitação,
senhores
deputados,
determina
o
aumento
da
massa
do tecido
excitado.
Desta
sorte,
as queixadas
de
um deputado
tendem
a
tomar
uma forma
imunda
e ruminante.
Um
deputado
não é
um animal
de
lavoura
ou um caldo
de
castanhas piladas!
Um deputado
não é
uma ninharia
Um deputado
não é
a unha
de um
solípede
um chifre
nojento
um
fumeiro
ou uma loção
para
a sarna!
Um deputado
não é
o pecado original
Um deputado
faz
o ninho
nas
cadeiras
do
hemiciclo
e os
seus ovos
são recolhidos
e
consumidos!”
Ó Amaral
montas
é muito mal!
Enche-te
mas é
de genebra
um
pouco
de noz
moscada
uma casca
de laranja
e toca-nos
ao
bicho!
E exultam
e
regozijam-se
os ministros
da
Nação:
Ó
Amaral
o
estômago
de um
deputado
nunca pode
estar
desocupado!
Ó Amaral
montas
é muito mal!
Ó Amaral
enche-te
mas é de genebra
Ó
Amaral
que
diabo
com
franqueza
toca-nos
mas é
ao bicho!
em Este Outono Sobre os Móveis Dourados, s.l.: Edição de Autor, prefácio de Miguel Serras Pereira, 2005, pp. 97-112.
Mexendo
a
maxila
da gruta
do
Escoural
O
porcalho
O
pequenote
O
rançoso
deputado
da
maioria
avisa
que
se Deus
não acudir
com
um milagre
qualquer
dia
a
unha
a
pata
mais
ou menos
suína
que permite
a
um deputado
arrastar-se
pelos
corredores
da
Assembleia
pode
medir
apenas
seis
centímetros
de
comprimento.
Anda mas
é
direito
sem ser
de
gatinhas,
gritam
uns!
E
outros:
Põe
mas é
o teu pé
chato
nalguma parte!
Por cima
do
pé
está
o
manto,
explica-se
o capão
o
merdeiro
o viril
Telmo
do partido
do
tarimbeiro Portas.
Tens mas
é
a mandíbula
e as orelhas
de
um berbere
Um sexo
devoto
e
outros
dons
gratuitos:
Piolhos
na
cabeça
Piolhos
no
fato
Piolhos
na
barriga
no
púbis
por
cima
do
recto
por detrás
da
bexiga!
De modo
beato
e florido
Casto
e
opusdeitado
Sem
sujidade
na
língua
Qual
membro
genital
ou
da Igreja
Não contagiado
de
gálico
Como uma vaca
dos
arredores de Lisboa
Virado
para baixo
Coberto
de pêlos
O alindado
Presidente
tenta
serenar
o Consistório:
“A excitação,
senhores
deputados,
determina
o
aumento
da
massa
do tecido
excitado.
Desta
sorte,
as queixadas
de
um deputado
tendem
a
tomar
uma forma
imunda
e ruminante.
Um
deputado
não é
um animal
de
lavoura
ou um caldo
de
castanhas piladas!
Um deputado
não é
uma ninharia
Um deputado
não é
a unha
de um
solípede
um chifre
nojento
um
fumeiro
ou uma loção
para
a sarna!
Um deputado
não é
o pecado original
Um deputado
faz
o ninho
nas
cadeiras
do
hemiciclo
e os
seus ovos
são recolhidos
e
consumidos!”
Ó Amaral
montas
é muito mal!
Enche-te
mas é
de genebra
um
pouco
de noz
moscada
uma casca
de laranja
e toca-nos
ao
bicho!
E exultam
e
regozijam-se
os ministros
da
Nação:
Ó
Amaral
o
estômago
de um
deputado
nunca pode
estar
desocupado!
Ó Amaral
montas
é muito mal!
Ó Amaral
enche-te
mas é de genebra
Ó
Amaral
que
diabo
com
franqueza
toca-nos
mas é
ao bicho!
em Este Outono Sobre os Móveis Dourados, s.l.: Edição de Autor, prefácio de Miguel Serras Pereira, 2005, pp. 97-112.
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