Um poema de Santa Teresa de Ávila


Formusura que excedeis!

Formusura que excedeis
mesmo as grandes formosuras!
Sem ferir, sofrer fazeis,
e sem sofrer desfazeis
o amor das criaturas.
Oh, laço que assim juntais
duas coisas tão díspares!
não sei porquê vos soltais,
pois atado força dais
pra ter por bem os pesares.
Quem não tem ser vós juntais
com o Ser que não se acaba;
sem acabar acabais,
e sem ter que amar amais,
engrandeceis vosso nada.

em Seta de Fogo, Lisboa: Assírio & Alvim, tradução, prólogo e notas de José Bento, 1ª edição, colecção Gato Maltês-23, 1989, p. 13.

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