José Saramago (1922-2010)


De José Saramago li poucos livros, mas li alguns para poder dizer que li José Saramago: Terra do Pecado, Manual de Pintura e Caligrafia, Levantado do Chão, O Evangelho Segundo Jesus Cristo, Memorial do Convento, Cadernos de Lanzarote (nos vários volumes), Os Poemas Possíveis. Destes, aqueles que menos me agradaram foram os seus diários. Aquele que mais gostei de ler foi, sem dúvida alguma, Levantado do Chão. Mas não me posso esquecer de Manual de Pintura e Caligrafia, talvez o seu romance menos conhecido, menos debatido, mas que é um bom romance. E agora um pequeno desabafo: se há coisa que me irrita é ouvir alguém dizer: não gosto de ler Saramago... ele não sabe pontuar. O que entendem estas pessoas por pontuação?

6 comentários:

Rita F. disse...

Concordo em absoluto.
O que entendem estas pessoas por pontuação, e o que entendem de pontuação.
O que me dá verdadeiros instintos assassinos e violentos é as pessoas dizerem "ai, se tu visses como ele escreve, ele não sabe escrever, é só pontuação à Saramago...". Bem. Fico capaz de mandar uma bomba logo ali e quero lá saber.
A escrita de Saramago é um assombro.
Se me permites um conselho pequenino, pequenino - lê o Ano da Morte de Ricardo Reis (não mencionaste no post, portanto presumo que não tenhas lido). Não é por acaso que há tanta gente a gostar deste livro. É magnífico, inesquecível, deslumbrante e todos os outros adjectivos bonitos que quiseres acrescentar.

paula disse...

espreito o que aqui escreve diariamente, de há uns tempos para cá, e gosto. fica-me uma curiosidade, que me ajudaria a entender melhor o que leio.
é professor de quê?
mas é só uma curiosidade, não precisa de responder se assim o entender.

Sérgio Currais disse...

Muito bem visto. Há quem atire essa posta de pescada sem nunca ter aberto um livro de Saramago.

abel arez disse...

Eu acho que é porque ele foi uma vez júri no festival da canção e não atribuiu pontuações muito boas.
Desde aí as pessoas dizem "Não gosto do Saramago, ele não sabe pontuar!" E, de facto, percebe-se que é uma razão forte para não gostar de alguém...

Durante anos aconteceu-me uma coisa estranhíssima com o Saramago: deixava a meio todos os livros que começava dele, apesar de estar a adorar lê-los. Nunca percebi porquê, mas um dia parava e não lhes pegava mais (talvez pela mania de ler vários livros em simultâneo...)

O Memorial do Convento foi o primero que acabei, talvez porque me arrebatou de tal maneira que não me deu tempo a parar antes que acontecesse o costume. Agora estou curado e conforta-me a ideia de ainda ter tantas coisas por ler dele.
Para mim, ainda há muito Saramago pela frente.

Anónimo disse...

Olá Manuel
De volta da terra só hoje aqui vim...
Considero O ano da Morte de Ricardo Reis um bom livro (talvez para mim o melhor mas sabes como gosto de Pessoa)por isso recomendo.
Claro que quanto à pontuação quem mais levanta duvidas é quem menos dela sabe. Depois uma coisa é a pontuação formal e outra a escrita literária.
Recomendo também "todos os nomes" lido na altura do lançamento e de que gostei.
No fundo lê o que puderes dele. Vale sempre a pena!
Um abraço
Bruno

Dylan disse...

José Saramago não era menos português por não pôr a bandeira à janela na véspera de um evento desportivo. Acima de tudo, a sua essência era ibérica. Convém dizer que só saiu de Portugal devido à ostracização de Sousa Lara, comprovada agora com o episódio político revisionista da não presença de Cavaco Silva no seu funeral. "Viagem a Portugal" é reflexo de amor e do encantamento que sentia pelo país, pela sua beleza e cultura, pela classe trabalhadora, espelhada na sua identidade, mesmo que isso significasse ir contra a ideologia do seu partido, contra a maioria religiosa, contra o politicamente correcto. Para o seu espírito inconformado, a morte é pouco relevante. Como diria Saramago, "o fim duma viagem é apenas o começo de outra".