Enfim temos
Enfim temos
as duas mãos cheias de luz –
as estrofes da noite, as agitadas
águas batem de novo nas orlas
da margem, no sono cru,
sem olhos, dos animais do canavial
depois do abraço – então
voltamo-nos para a encosta
lá fora, contra o céu
branco que desce
frio sobre o
monte, a cascata de brilhos,
e cristaliza, gelo,
como cálculo de estrelas.
Na tua fronte
quero viver o pequeno
tempo, esquecido, deixar
passar silencioso
o meu sangue pelo teu coração.
em Como um Respirar – Antologia Poética, Lisboa: Edições Cotovia, selecção, tradução, introdução e notas de João Barrento, 1990, p. 37.
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