Um poema de António Salvado


Aos Vencedores dos Jogos

Eles adubam “glórias literárias”
nos seus poemas brancos de vazio
em folhas de papel à secretária,
com folhetos turísticos luzidios.
Foram ao mar Egeu: beberam vinho
descolorido com sabor a água
e lutaram em Tróia, invocaram
todo o Olimpo: Zeus os acolheu
no posto de turismo da montanha,
e em Delfos se inteiraram da grandeza
da sua escrita límpida de nada.
Depois, feito o regresso, agora em casa,
são concorrentes ágeis maviosos
aos Jogos do prestígio de outros jogos.

em Revista A Mar Arte, Coimbra: A Mar Arte, nº 4, 1996, p. 34.

1 comentário:

Anónimo disse...

certeiro e irónico este António Salvado