Um poema de João Miguel Fernandes Jorge
E só de pão vive o crítico
Outro dia um crítico dizia
que poemas meus só eram bons
quando compridos e de grande
enredo.
De quatro ou cinco versos,
não. Que não passavam de
literatura. Mal
saberá, esse rapaz, quanto o
poema de reduzido verso tem
de persecução do inalterável
e quanto ouro no seu corpo
de luz faz dos versos, quatro
ou cinco, veios da terra;
dilatada memória nossa
visão, mistério secreto e
oculto que quieta o coração,
como quem
ante o altar queima incenso
o verso de oiro
relâmpago no horizonte do nosso
destino.
em O Barco Vazio, Lisboa: Presença, colecção Forma, 1ª edição, 1994, p. 31.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário