O frio tolda-me as mãos. Não sei se é pelo facto de Sibelius estar a tocar na aparelhagem. Disseram-me que na Finlândia faz frio, embora eu nunca tenha estado na Finlândia. Dos países do norte da Europa sempre preferi a Noruega. Não sei explicar o meu fascínio pela Noruega. Como não sei explicar o meu fascínio, o fascínio de um agnóstico, por Santa Teresa de Jesus, conhecida também por Santa Teresa d’Ávila. Tenho até uma imagem dela. Foi ontem benzida pelo Senhor Padre quando veio cá a casa dos Pais celebrar a Páscoa. Ficou admirado com a imagem da Doutora da Igreja. Mais admirado fico eu pelo facto de ter uma imagem de uma Doutora da Igreja. E também tenho ali as Obras Completas dela. Mas faltam lá muitos poemas. Talvez não interesse saber que a Doutora da Igreja se dedicou a essa coisa que é a poesia. Será que a poesia interessa, realmente, a alguém? Muito se tem falado de poesia, nestes últimos dias. Mas, na realidade, tem se falado de uma certa maneira de fazer poesia. Falar de poesia com P maiúsculo é coisa que há muito tempo não se faz. Razão: haverá razões? Não sei. Parece que os gregos, os antigos, também falavam muito da poesia com P maiúsculo. E não sei se chegaram a alguma conclusão. Na realidade, a Poesia não é feita de conclusões, nem é feita de escolas ou tratados ou correntes ou tudo o resto. A Poesia é feita, por mais absurdo que possa parecer, de Poesia. De outra maneira não a consigo conceber. Mas isso sou eu, que apenas leio a poesia dos outros.
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