O Hemiciclo dos Roedores
Se chegares a depois de amanhã
vai até à praça maior e anula-te
numa parede qualquer suja de grafittis
ou num aroma de iogurte dum mupi.
Serve a camuflagem. Observa-os
a andarem para baixo e para cima
com os ponteiros dos relógio
no cartão de crédito - vala depositária
dos poucos nadas e vazios emprestados
em bolsos rotos de frustação
por tanto desnorte - e sonhos curtos.
Não fales, não tussas sequer
nem apontes o dedo rebelde
a nada nem ninguém. Muito menos
saques do bolso a bandeira preta
para limpares as migalhas da fome.
No momento certo, ( e o momento
certo não é quando estão distraídos
porque eles estão sempre.
o momento é quando estão
simplesmete mais e)
faz-te explodir
de poesia. Haverá feridos
pelos estilhaços dos sentidos
impressos e lembrado serás,
concerteza, num noticiário
como uma louca pulga terrorista
e nada mais. Se entretanto
os nervos e a raiva
banharem de esperança teus olhos,
e estes avistarem o eterno sonho
e te parecer vir lá do sul
D. Sebastião, podes crer:
é a mais bela e eterna
Máscara de Carnaval a andar
para baixo e para cima
para cima e para baixo.
em Insónia em Segunda Mão, Edição do Autor, 1ª edição, 2010, pp. 88-89.
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