Um poema de Joan Margarit


Frio de Junho em Forès

Foi a paisagem da nossa vida:
a escadaria de socalcos verdes
sob a vigilância do vento,
e no mais alto, indiferente, a aldeia.
Ferozes andorinhas envolvem
com os fios do seu voo a casa vazia.
Chilreiam sem parar. Escuras, brilhantes,
fazem fragor de navalhas. Como esta andorinha
que ainda voa ao entardecer, também nos resta
uma remota possibilidade.
É, já, a paisagem da nossa morte.
Sob a vigilância do vento.

em Casa da Misericórdia, trad. de Rita Custódio e Àlex Tarradellas, Entroncamento: OVNI, 1ª edição, 2009, p. 75.

1 comentário:

Gato Aurélio disse...

O que seriamos nós sem a vigilância do vento