Cantiga de Mal-Dizer
Luzia Sánchez, jazedes en gran falha
comigo, que non fodo mais nemigalha
d'ua vez; e, pois fodo, se Deus mi valha,
fiqu' end' afrontado ben por tercer dia.
- Por Deus, Luzia Sánchez, Dona Luzia,
se eu foder-vos podesse, foder-vos-ia.
Luzia Sánchez, por que non fodo nada;
mais, se eu vos per ouvesse pagada,
pois eu foder non posso, peer-vos-ia.
- Por Deus, Luzia Sánchez, Dona Luzia,
se eu foder-vos podesse, foder-vos-ia.
que já non pode sol cospir a saíva
e, de pran, semelha mais morta que viva,
e, se lh' ardess' a casa, non s'ergeria.
- Por Deus, Luzia Sánchez, Dona Luzia,
se eu foder-vos podesse, foder-vos-ia.
cuidades de mi preitos tan desguisados,
cuidades dos colhões, que tragu' inchados,
ca o son con foder e con maloutia.
- Por Deus, Luzia Sánchez, Dona Luzia,
se eu foder-vos podesse, foder-vos-ia.
em Poemas Portugueses - Antologia da Poesia Portuguesa do Séc. XIII ao Séc. XXI, Selecção, organização, introdução e notas de Jorge Réis-Sá e Rui Lage, Porto: Porto Editora, 1ª edição, 2009, p.41.
3 comentários:
A título de curiosidade, acaso me poderá dizer de que ano é o poema?
Cumps
posso dizer apenas que o poeta viveu em Portugal na segunda metade do séc. XIII, e terá falecido por volta de 1279-80.
Obrigado.
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