Um poema de Fernando Namora


Retratos de Família

3.

Às vezes, eu ia recolher com a boca
as gotas de chuva do beiral
e nelas sentia o gosto do mundo.
Nuvens, vento, céu pardo.
Eu chorava essas hoas de prisioneiro na sala da varanda
entre flores que minha mãe adorava
e a miragem de um dia de sol, lá fora,
com a bola de futebol no largo da escola.

em As Frias Madrugadas, Lisboa: Publicações Europa-América, 4ª edição, 1971, p. 114.

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