Um poema de Eduardo Guerra Carneiro


Jazes, poeta
Jazes, poeta, em teu discurso
pífio quando tentas poéticas
alheias. A meias vou tentar,
e a ti tentar dar melhor ar,
outra tristeza alegre. Jazes poeta,
mas vá lá!, vá lá!, ainda resolves
as palavras cruzadas desta vida.
Vidinha airada, como assim convém
a quem no campo tem um batatal.
Mas, olha lá bem!, bens ao luar
não tens, pois na voragem foram
eirôs, pinhais e bacelinhos. O canastro
vigilante – andor! – também se foi.
Trovas de uma história – tanto lastro!


em A Noiva das Astúrias, Lisboa: &etc, 2001, p. 45.

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