Ao ler este texto de Rui Bebiano, não posso deixar de concordar, em parte, com aquilo por ele exposto. O texto de Rui Bebiano tem por base uma petição criada com o objectivo de «repudiar a omissão do papel que tiveram esses lugares no comércio atlântico de africanos escravizados.». Até aqui tudo bem. Pergunto: quantos dos subscritores da referida petição usam calçado que, provavelmente, foi fabricado utilizando trabalho infantil (que é o mesmo que dizer escravo)? Que têm a dizer sobre isso? Será que usam umas sapatilhas da Nike, por exemplo (e não, não recebo comissão), com um papel ao peito a dizer em que condições elas foram manufacturadas? Quantos dos subscritores frequentaram um moderno health club, que depende, muitas vezes, do trabalho de gente altamente qualificada mas a recibos verdes? Será que praticam a actividade física com um cartaz que diz “estou aqui a transpirar mas consciente das precárias condições de trabalho dos monitores que têm a minha total solidariedade”? Sei que esta minha visão é um tanto ou quanto radical, exagerada. Não concordo que se deva sanear esse período da história universal em que seres humanos eram vendidos como gado. Mas, meus amigos, não há paciência para este género de petições. Pelo menos eu não tenho.
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