Do cheiro


O mais terrível de estar deslocado é que só começamos a sentir-nos “localizados” no final. Só no final é que começamos a interagir mais com as pessoas que nos rodeiam, pois já nos cheiramos o suficiente para sabermos se podemos ou não entrar no espaço de cada um. Isso leva ao conhecimento de outros espaços, como o restaurante onde hoje fui almoçar. Fiz uma “vaquinha” com um colega e pedimos arroz de polvo e grão com todos – parece que não combina, mas combina. Uma cerveja sem álcool para mim (podem não acreditar mas é verdade) e uma jarrinha de branco para ele. Passado mais um pouco chegaram outras pessoas, por mim desconhecidas, e foi um almoço bom acompanhado de melhor conversa. É claro que isto acontece sempre na recta final. Depois para o ano há mais. Partir para outro lugar, cheirar, e lá para o final: confiar.

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