Prefácio por escrever


Quanto mais leio menos me atrevo a escrever. Houve um tempo em que pouco lia, mas também não escrevia. Depois veio algo que ainda hoje não sei o que é e comecei a escrever. Mas, voltando à leitura. Quanto mais leio mais consciência tenho de que não escrevo, de que apenas rabisco palavras em folhas de papel (que são quase sempre de rascunho, pois tento reaproveitar ao máximo o papel que gasto) e às vezes em ecrãs de computador (como agora). Há quem diga que se deve ler para se poder escrever. A mim acontece o contrário. É claro que não nego a influência que as várias leituras por mim feitas exerceram na minha “escrita”. Nunca haveria Entre o Silêncio e o Fogo se não fosse a leitura de António Ramos Rosa e Eugénio de Andrade. Nunca haveria Mapa se não fosse a leitura de William Carlos Williams, Charles Bukowski, Joaquim Manuel Magalhães, José Miguel Silva, entre outros. E há ainda a música: não o ritmo mas os ambientes que criam. Eu sei que isto pouco ou nada interessa. Haverá até quem pense que eu não escrevo (lembro-me de um ou dois anónimos). Estão no seu direito.

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