Um poema de Helder Moura Pereira


Eu ateio fogo a estes jornais,
quase sem querer estou
dentro de alguém, discordo
em absoluto da necessidade
de termos tido de aturar

Freud. Não era decerto
isto o que queriam dizer
quando falavam da tal liberdade
dos poetas. Acontece que há poetas
e poetas, os direitos de uns

não são os direitos de outros.
O único território que, sem ser
sistema, maneja o fundamento
da justiça em a-propósito
radical. Podes atirar os pensamentos

na fácil confusão destas palavras
ou mesmo achá-las muito claras
mas servirás o mundo
como o não-servir e na atitude
humana aguardarás o impossível.
em Amor Carnalis, Lisboa: frenesi, 1998.

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