Acordei, como todos os dias *. Tomei um duche, o pequeno-almoço. Bebi uma bica no café em frente. Sempre que vou lá está um homem com cara de bagaço. A cara de bagaço é uma cara muito particular: estão sempre com ar triste, olhos cabisbaixos, olheiras, pele a precisar de um creme hidratante. É claro que posso estar enganado. Talvez não seja cara de bagaço. Talvez o facto de ele ter sempre um cálice de medronho à frente esteja a apressar o meu juízo de valor. Gosto de fazer juízos de valor. Principalmente quando não conheço as pessoas. Mas, voltemos ao senhor. Talvez a cara dele seja uma cara de angústias, de preocupações existenciais. Talvez tenha lido O Homem Revoltado de Camus e esteja a pensar no assunto. Talvez esteja desempregado ou a mulher o tenha deixado. Não sei. Pouco importa. O que realmente interessa é que o café estava demasiado quente e queimou-me o céu da boca.
* reparem nesta frase filosófica.
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