Mas, ainda é para levar a sério?




Depois da operação de marketing que foi A Faca Não Corta o Fogo, eis que chega Ofício Cantante. Não tenho paciência para estas coisas. Ridículo? É pouco.

4 comentários:

Amélia disse...

Também eu me senti frustrada e desencantada com um poeta que tanto admirava .- com o penúltimo livro, sucedida operação de marketing. Em tempos do Hermínio Monteiro creio que coisas destas não sucederiam .Dantes comprar poesia na Assírio era garantia de qualidade. Agora nem tanto.
Quando me apercebi do logro que fora o anterior livro, pude, felizmente, trocá-lo na minha livraria - havia excesso de clientes em busca de livro esgotado num só dia...é que a maioria ou quase todos os poemas lá existentes já eu os tinha nos outros livros de H.H..Para meia dúzia de inéditos, mais valia terem feito uma plaquette...ou na simpática colecção Gato Maltês...

Livraria Poesia Incompleta disse...

Caro Amélia, reduzir setenta e tal páginas de inéditos, e bons, a "meia dúzia" é no mínimo estranho.
Procure, leia e, seguramente, vai gostar.
Saudações pedindo perdão por meter o bedelho onde não fui chamado.

Américo Rodrigues disse...

Realmente,também acho muito exagerado aquilo que a Amélia diz. Há muitos inéditos no livro e vale mesmo a peno tê-lo. Começo a suspeitar que quem fala assim não o leu e só... ouviu falar. Foi, aliás, o melhor livro de poesia editado no ano passado!
Por isso também não posso estar de acordo com o nítido excesso do Manuel. Que, aliás, não vejo suportado por nenhuma opinião credível.

manuel a. domingos disse...

Herberto Helder há muito tempo que deixou de ser poeta para ser instituição (e quase intocável). Apesar dos esforços para não o ser – recusar dar entrevistas, não permitir que a sua poesia seja reeditada individualmente –, Herberto Helder falhou. Talvez muita da culpa seja sua: todo o mistério que criou à sua volta só multiplicou o número de “adoradores”, levando a que alguns dos seus livros passem a valer o triplo ou o quádruplo do valor real: numa feira de antiguidades nas Caldas da Rainha pediram-me 25 euros pela primeira edição de A Última Ciência, como se o livro em questão fosse uma raridade (tal não acontece: qualquer Biblioteca Municipal deverá ter um exemplar), como acontece com Cobra, por exemplo. Não vou negar que me deixei deslumbrar pela sua poesia quando tinha 16-17 anos e li, durante esse verão, Poesia Toda. Contudo, sempre me agradou mais a sua prosa: considero Passos em Volta um livro fundamental na minha vida – e sei o risco que corro ao utilizar o adjectivo. No entanto, não posso ficar indiferente a todo o aparato criado em redor de mais um livro seu. Na verdade não se trata de um novo livro: é uma súmula com alguns inéditos. Quem tiver Poesia Toda e Ou o Poema Contínuo tem os poemas de Herberto Helder quase na sua totalidade (e repetidos!). Mas a ideia que se passa ao leitor desprevenido – caso existam leitores desprevenidos de Herberto Helder – é que está na presença de um novo livro do poeta, quando na realidade isso não acontece.

texto publicado neste blogue no dia 9/10/08