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Este texto, leitor, foi escrito a pensar no texto que poderia ser escrito caso eu escrevesse com a mão esquerda. É claro que isso pouco importa, pois na realidade estou a escrevê-lo no processador de texto. Escrevo o texto com as duas mãos, que é algo bem diferente de escrevê-lo só com uma, embora só utilize alguns dedos das mãos: indicador da mão direita (às vezes também o polegar) e indicador da mão esquerda. Nunca tive aulas de dactilografia e por isso habituei-me a escrever assim. Não sei, no entanto, quantas palavras consigo escrever por minuto. Também não estou preocupado com isso. Não quero escrever um romance em tempo recorde. Não quero escrever um romance. Estou mais preocupado com o texto que agora estou a escrever com alguns dedos das duas mãos. Estou mais preocupado em saber como seria escrevê-lo com a mão esquerda. Estou mais preocupado com o facto de me estar a repetir. É claro que posso sempre tentar escrevê-lo no processador de texto só com a mão esquerda. Mas eu estava a referir-me escrevê-lo com caneta, sobre o papel, e com a mão esquerda. Sim, leitor. Eu sei que tu já tinhas chegado a essa conclusão.

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